A HISTÓRIA DA RADIOLOGIA I



Ao final do século 19, mais precisamente ao cair da noite de uma sexta-feira, 8 de novembro de 1895, o Prof. Wilhelm Conrad Röntgen, no laboratório na Baviera, sul da Alemanha, descobriu os raios X.

Observando a fluorescência emanada de uma placa de papelão recoberta com platinocianeto de bário, na sala escura, este professor, aos cinquenta anos de idade, investigador brilhante, perfeccionista e astuto, fez uma das mais importantes descobertas científicas da humanidade.

Voltando a Wurzburg em 1888, após ter lecionado física em Estrasburgo, matemática em Hohenhein, física em Giessem, sentia-se realizado, pois esta mesma Universidade que agora o convidava para a direção do Instituto de Física, havia lhe negado a livre docência 16 anos antes.

As descargas elétricas em tubos de gás eram o grande tema das pesquisas da época e reservou, no novo prédio do Instituto que dirigia, duas salas ao fundo do grande saguão de entrada, com janelas dando para os jardins, para suas experiências neste campo. Para lá foram levados, em outubro de 1888, uma bobina de Rumkorff, uma bomba vácuo, tubos Hittorff-Crookes, tubos Lenard, enfim, o equipamento necessário para este tipo de pesquisa.

A passagem da corrente de alta tensão através dos tubos Hittorff-Crokes causava uma luminescência muito intensa no interior do tubo e como pretendia testar a fluorescência do platinocianeto de bário que era muito fraca, cobriu cuidadosamente o tubo com papelão preto de tal maneira que a luminosidade do tubo não impedisse a visualização de outros fenômenos. Ao escurecer a sala para verificar se o tubo estava bem impermeável à luz e ligando a bobina de Rumkorff que fornecia a alta tensão para o tubo, notou uma tênue fluorescência sobre a bancada a quase um metro de distância. Como o tubo estava altamente recoberto com papel preto aquela luz não podia ser devida a reflexos e sim, que a placa de substância fluorescente emitia luz porque estava sendo atingida por algum tipo desconhecido de radiação, que originando-se no interior do tubo atravessava o invólucro opaco à luz e causava aquela fluorescência.

Raios catódicos que atravessavam uma finíssima lâmina de alumínio nos tubos Lenard também produziam já se sabia, fluorescência no écran de platinocianeto de bário, porém apenas a alguns centímetros do tubo e jamais àquela distância agora notada.




Fascinado por esta observação passou todo o fim de semana trancado no laboratório onde comia e dormia, e no qual, em experimentos com o material que dispunha à mão, investigou a capacidade destes raios de penetrar em corpos opacos à luz interpondo entre o tubo e a placa praticamente o que pudesse encontrar.

Sabendo que os raios catódicos sensibilizavam filmes fotográficos, investigou para saber se estes raios, que ele agora descobria, também tinham esta propriedade. Pedaços de diferentes metais, livros, pesos de balança, sua espingarda de caça, foram um a um radiografados então.

Havendo notando que enquanto segurava os objetos entre o tubo e écran de platinocianeto de bário tinha visto a imagem dos ossos de sua mão, Rontgen decidiu investigar sobre este assunto para isto convenceu D. Bertha, sua esposa, a colocar a mão sobre um filme fotográfico em chassi de papel e ligou o tubo durante 15 minutos. O filme revelado mostrou claramente a imagem dos ossos e uma nova era na ciência estava inaugurada.

Ciente da importância de sua descoberta, que ele chamou de raios X por não saber realmente do que es tratava, sendo X a incógnita da matemática, Prof. Röntgen passou os últimos dias de dezembro a redigir o artigo que submeteu ao Secretário da Sociedade Físico-Médica de Wurzburg, solicitando sua publicação no SITZUNGSBERICHTE da Sociedade, embora não tivesse o trabalho sido apresentado em uma das reuniões da Sociedade. Assim foi feito e no exemplar de dezembro de 1895 daquela revista saiu publicado o “EINE NEURE ART VON STRAHLEN” (sobre uma nova espécie de raios).

Nele, o autor descreve minuciosamente suas experiências e observações e relata que:
 
AS CARACTERÍSTICAS DOS RAIOS X:

  1. Os raios X atravessam corpos opacos à luz;
  2. Provocam fluorescência em certos materiais;
  3. A radiopacidade dos corpos é proporcional à sua densidade e para aqueles de mesma densidade, à espessura;
  4. São invisíveis;
  5. Não são refratários, nem refletíveis, nem podem ser focalizados por lentes;
  6. Não são defletidos por campos magnéticos;
  7. Os raios X originam-se do ponto de impacto dos raios catódicos no vidro do tubo de gás;
  8. Os raios X propagam-se em linha reta;
  9. Não sofrem polarização.

Por este trabalho recebeu em 1901 o primeiro Prêmio Nobel de Física.


Mais de vinte e cinco anos se passaram antes que novas características destes raios fossem descobertas.

Após a comunicação nos meios científicos, centenas de trabalhos foram publicados apenas no primeiro ano após a descoberta, mesmo porque os laboratórios de física da época estavam equipados para produzi-los.

Cerca de 20 dias após a comunicação de Röntgen, Dr. Otto Walkhoff, de Braunschweig, Alemanha, fez a primeira radiografia dental. Esta foi conseguida usando uma placa de vidro com emulsão fotográfica, envolvida em papel preto e lençol de borracha. A radiografia foi tomada de sua própriaboca com um tempo de exposição de 25 minutos.



    CIENTISTAS QUE PROCEDERAM 
    À DESCOBERTA DOS RAIOS X:


    1) MICHAEL FARADAY (1791-1867) = Físico e químico inglês, nascido em Londres, foi um dos maiores cientistas experimentais de todos os tempos. Suas teorias foram de grande importância e utilidade nos campos da química, eletricidade e magnetismo.

    2) JAMES CLERK MAXWELL (1831-1879) = Célebre físico e matemático, nascido na Escócia, desenvolveu vários estudos no campo dos fenômenos eletromagnéticos. É considerado o fundador da teoria eletromagnética.

    3) JOHANN HEINRICH GEISSLER (1815-1879) = Mecânico alemão de Bonn, também era soprador de vidro, produzia tubos de raios catódicos de diferentes formas e tamanhos, especialmente para físicos e químicos.

    4) WILLIAM CROOKES (1832-1919) = De origem humilde, veio a se converter num gênio autodidata. O tubo que leva seu nome é o antepassado das lâmpadas fluorescentes e os atuais tubos de neon. Crookes era químico e físico da Universidade de Londres.

    5) EUGEN GOLDENSTEIN (1856-1931) = Físico alemão da Universidade de Berlim, em 1876, atribuiu à corrente elétrica colorida entre os eletrodos rarefeitos do tubo o nome de raios catódicos.

    6) HERMANN VON HELMHOLTZ (1821-1894) = Foi o primeiro a observar os raios X, um fenômeno apresentado por Roentgen. Em sua teoria de espectro, Helmholtz pesquisou e especificou as propriedades dos raios X anos antes de Roentgen.

    7) HEINRICH HERTZ (1857-1894) = Físico alemão natural de Hamburgo, descobriu as ondas de rádio e seguidor de Helmholtz, continuou sua pesquisa, observando as propriedades das ondas eletromagnéticas geradas por uma bobina de indução. Constatou que as ondas são refletidas, retratadas e polarizadas da mesma forma que a luz. Demonstrou que as ondas de rádio e as de luz são ambas as ondas eletromagnéticas, que diferem apenas na frequência.

    8) PHILIP E. A. LENARD (1862-1947) = Dentre todos os pesquisadores, este húngaro foi quem mais se aproximou da descoberta. A fim de verificar se os raios catódicos produzidos no interior do tubo de Crookes também eram produzidos fora do tubo, construiu um tubo com uma pequena janela de alumínio na extremidade do anodo. Passou a observar os raios catódicos fora do tubo e fez testes com materiais fosforescentes. A partir daí, Lenard descobriu que o raio era capaz de atravessar folhas finas de metal e percorrer uma distância de até 1 cm no ar. 

    HISTÓRIA DA RADIOLOGIA - CRONOLOGIA 

    - 1895: Roentgen descobre os raios X;
    - 1896: É realizada a primeira radiografia no Brasil;
    - 1898: Ocorrem o isolamento do Polônio e descoberta do Rádio;
    - 1901: Roentgen ganha o 1º Prêmio Nobel de Física;
    - 1902: Um inglês cria uma máquina de raios X controlada por moedas;
    - 1934: Casal Curie descobre a radioatividade para aplicações médicas;
    - 1948: Fundação do Colégio Brasileiro de Radiologia;
    - 1950: Manuel de Abreu inventou a Abreugrafia: radiografia

    PIONEIROS DA RADIOGRAFIA NO BRASIL:

    -1896: Primeira radiografia no Brasil - Silva Ramos (SP) - Francisco Pereira Neves (RJ) - Alfredo Brito (BA)
    -1913: Professores de radiologia - Rafael de Barros (Santa Casa de Misericórdia - SP) - Duque Estrada (Santa Casa de Misericórdia – RJ)
    -1950: Médico radiologista Manuel de Abreu - Inventou a abreugrafia

    OUTROS PROFESSORES:

    NICOLA CASAL: formador da maioria dos radiologistas no Brasil
    - JOSÉ CABELLO: fundador do Colégio Brasileiro de Radiologia
    FERES SECAF: Ex-presidente Colégio Brasileiro de Radiologia
    WALTER BONFIM: Fundador do 1º curso técnico no Brasil
    HENRIQUE DODSWORTH: Incorporador da Radiologia à medicina
    ÁLVARO ALVIM: Instalador do aparelho de raios X no RJ


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